sábado, 15 de outubro de 2011

Por pastor Carlos Magalhães - Epitáfio

Seria muito conveniente para todos nós vivermos para sempre no ventre de nossas mães. Estávamos seguros, cercados de carinho, amor e proteção. A chuva não nos molestava, o sol não nos castigava, não havia ninguém nos subestimando, nos desafiando, nos contrariando. Vivíamos isento de decisões. Havia alimento e conforto o tempo todo. Uma vida sem responsabilidades, sem os perigos do erro, as incertezas do acerto. “Tudo é uma questão de manter a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo”, nós diríamos.
Enquanto o tempo passava, tudo o que sabíamos era que paz e tranquilidade se confundiam como verdadeiros sinônimos. E um dia nos expulsaram. Fomos arrancados de dentro de nosso lar. Provamos o gosto amargo do fel da vida. Como seria bom se pudéssemos voltar correndo para lá, onde o sol não nascia, a chuva não caia e as minhas ações não eram sequer notadas.
Mas, o ventre secou, o leite secou. Nascemos e crescermos. Adeus, mamãe. É irônico, mas a vida é o avesso do ventre. Nada aqui se parece com aquilo lá. Talvez, por isso estejamos o tempo todo nos virando em mil para voltar. Como não há mais ventre, nós nos escondemos atrás dos armários, debaixo das camas, por detrás das crenças, nos porões úmidos da fé que nos isenta de confrontos. Nos escondemos aqui, ali e acolá.
Inventamos filosofias que nos acolham, que digam para nós “tudo bem, sente-se, a vida não é urgente”. Nos abarrotamos de rezas, de palavras, de frases feitas que nos confortam simplesmente porque o sono de nossa responsabilidade é sempre tranquilo. Usamos o “seja feita a vossa vontade” para que os nossos sonhos não sejam perturbados, para que eles sejam mantidos dentro da geladeira e não nos perturbem.
Cá entre nós, a vida, o tempo inteiro nos exige respostas. E como no ventre não há perguntas, corremos para os labirintos da ideologia, não dizemos “sim” nem “não”, ao contrário, nosso discurso está sempre entre aspas e as nossas decisões são pautadas no último livro, no último sermão, no último profeta.
É difícil acreditar que viver valha à pena. Por isso, nos trancamos no porão, fechamos o sótão, colocamos cadeados na parte de dentro dos nossos corações. Acordamos, trabalhamos, comemos, bebemos e dormimos, mas nunca deixamos de sair de dentro do nosso doce alçapão.
Desculpe-me, mas só existe um jeito de viver: vivendo. Isso quer dizer que precisamos nos assumir. Dizer para nós, para o outro, para todos, que a nossa vida é colorida simplesmente porque um dia passamos de cabeça erguida pela angústia de ter que escolher as cores com que a pintamos.
Não podemos negligenciar o amor, a paixão, o nosso coração. A vida é uma, única e ninguém conseguirá estende-la nem por uma fração de segundos sequer. Portanto, devemos aproveitá-la, nos permitir sorrir, chorar, dançar, viver a vida como ela é. Se eu fosse digno de dar ao menos um conselho diria: ame! Como escreveu alguém certa vez, se alguém quiser sair na chuva com você, molhe-se! Viva a vida, porque ela um dia chegará ao fim.
Eu imploro, por favor, se apaixone, namore, beije, seja beijado, ajude, se deixe ajudar, pinte o cabelo, faça (ou não) uma tatuagem, durma de roupa, abrace alguém que te ame, leia mais, grite mais, valorize o silêncio. Repare nas estrelas, olhe pra lua, tome um banho de sol. Coma bombom, faça careta no espelho, brinque de bola, arrume um time pra torcer.
Desenhe, converse com crianças, coloque a mão na barriga de uma grávida, escolha alguém para amar mais do que tudo, diga sempre “eu te amo”, escreva poemas, cante no chuveiro, tome banho de chuva, experimente pular de paraquedas ou pule amarelinha, mas pule. Viaje. Não abra correspondências sexta-feira, abra as janelas. Implique com seus amigos, ria quando implicarem com você, sue, sue bastante. Evite ler bula de remédio, tome muita água, e de vez em quando tome refrigerante gelado.
Assista menos televisão, cheire flores, compre flores, dê flores de presente, deite na grama. Sábado e domingo, tire o relógio. Ande de meia, sonhe. Roube beijos, não roube corações. Ouça música com volume bem alto, prefira tênis, masque chiclete. Sempre que for ler jornal leia também as tirinhas. Vá ao cinema, compre pipoca. Assalte a geladeira, acorde cedo e acorde tarde. Dê valor aos seus pais, ame seus irmãos, compre bobagens.
Não seja amigo do seu cartão de crédito, só faça dieta se isso for deixar você realmente feliz. Diga que sente saudades. Peça desculpa, peça licença, dê o lugar. Ande de mão dada, ande na areia, ouça o barulho do mar. Brinque, ame e nunca se acostume a dizer adeus.
Esse não se parece um texto escrito por um religioso. Mas, tenho fé, creio na vida e estou escrevendo tudo isso porque me recuso a crer em um Deus castrador, que amputa nossos sonhos e implode nossos castelos conosco dentro deles. A vida é um presente, presente que Deus nos deu. Negligenciá-la é um pecado que muito provavelmente não teremos tempo de nos arrepender.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Ter fé é mostrar para Deus que você O ama e que vale a pena servi-lO

A Prova do Não Visto | Pr. Olavo Feijó Hebreus 11:1 - ¶ Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem. Uma das definições muito práticas da fé é a que o Autor de Hebreus nos apresenta: “A fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não vêem” (Hebreus 11:1). Tomé continua tendo seguidores, ainda nos dias de hoje. Há muitos, entre nós, que continuam acreditando só nas coisas que vêem e que tocam. Esta postura tem como base a completa confiança no tato e nos olhos. Apesar das evidências da psicologia e da fisiologia dos órgãos sensoriais, que demonstram quão ilusórios são nossa visão e nosso tato. Nossa realidade é o resultado dos valores pessoais, que constroem nossa percepção. Consequentemente, se nossas convicções nos dizem que não há milagres, nossas convicções nos dizem que não há milagres, nossa atitude oficial será sempre a de procurar explicações naturais para o sobrenatural. O autor da carta aos Hebreus nos ensina que o problema todo é uma questão de fé. De fé no Senhor, na Sua soberania, no Seu amor, na Sua justiça. Quando aceitamos estes valores, não precisamos ver as coisas que se não vêem. Pela fé intuímos e experimentamos a realidade das coisas de Deus. E, quanto mais nós as vivemos, mais as realidades divinas passam a ser nossas realidades. A fé, por isso, é a prova das coisas que se não vêem.